28 novembro 2007

Booleanos

Só há dois tipos de pessoas. Os que são e os que não são.

27 novembro 2007

fear.pain.death




Just things that we have to accept and learn to bypass.

Ocultados

II

O sangue escorrendo pelo ralo. A bala saiu de meu peito em chamas e caminhou em direção à ponta do revólver. Uma nuvem de fumaça, um estalido, o barulho do gatilho, tudo acontecia em sequência.
-
Me afugentou, me fez ir até o banheiro, e então falou.
Tentei fechar a porta, mas não tive tempo. Cheguei até os quartos ofegando, e então corri por toda a casa até passar pela porta de entrada. Pulei o portão que dá para a rua, tropecei, corri para dentro do mato. Corri para fora do bosque, na estrada, dei um tiro. Dois tiros. Descarreguei o pente da pistola. Puxei a arma. Pulei do carro em movimento e caí sobre a terra molhada. Entrei no carro e fugi por 2 ou 3 horas.
O homem atirou, mas errou o tiro. Veio caminhando em minha direção, surgiu do beco escuro, enquanto isso eu observava dois meninos no outro lado da rua.
Estava chovendo, senti que algo não corria bem, derrubei meu cigarro e minha moeda da sorte.

I

Minha vida nunca tinho sido feliz. E não acabou diferente.
Estava saindo da escola, com medo como sempre. Meu pai havia ido me buscar, de carro, como sempre, e seus amigos estavam por perto. Eu nunca gostei dos amigos do meu pai.
O carro mal pode sair da frente da escola, quando eu vi córtex, sangue e água voando na direção da minha roupa. Eu sendo bem pequeno não fui atingido pelo projétil que atravessou a cabeça de meu pai, bem ao meu lado. Eu olhei para fora do carro, vi um homem com uma pistola na mão e um cigarro na boca sair correndo, muito rápido. Alguns dos amigos do meu pai foram atrás dele, e outro ofereceu-se para acompanhar-me até minha casa.
Porém, ele não me levou até minha casa. No meio do caminho, encontrei uma menina colega minha, a qual eu gostava muito, e estávamos indo juntos para casa. Então o amigo de meu pai se aproveitou da situação e nos deixou ir sozinhos, enquanto correu para uma das ruas escuras paralelas à qual estavamos eu e minha colega.
Caminhando, poucos minutos depois, vi um homem na rua. Solitário. Girava uma moeda entre os dedos. Tinha certeza que era o homem que vi de dentro do carro do meu pai. Começamos a nos encarar, profundamente, e sem querer, tropecei e cai. Enquanto estava no chão, ouvi minha colega rir muito, e ouvi os passos do homem, que tinha começado a correr. O amigo do meu pai surgiu e atirou no homem, depois ambos entraram em carros, provavelmente roubados, e sumiram.
Eu, em contrapartida, corri para casa em prantos. Encontrei minha mãe morta, nua, na cozinha, e um dos amigos do meu pai dormindo nu na sala. Achei que não precisava ver mais nada à partir de então. A faca do churrasco foi a ferramenta mais útil que encontrei naquele momento.
Ainda vejo alguém tentando escalar uma montanha, todo dia. Sinto que conheço essa pessoa. Eu, pelo menos, sou feliz hoje em dia.

Caiu

I

A moeda caiu do bolso
Caiu no meio fio
Caiu na boca-de-lobo
Caiu na puta que pariu

O cigarro caiu da boca
Caiu no chão
Cinzas de uma alma oca
Solidão

A chuva caiu do céu
Caiu na terra fria
Caiu no buraco do inferno
Até o diabo tremia
Era dia de Maria, era inverno

O menininho caiu
Bateu a cabeça e chorou
Menininha olhou e riu
Menininho foi pra casa e se matou
O próprio pescoço com uma faca cortou

A pistola caiu
O sangue caiu
A máscara caiu
A juventude caiu
A integridade caiu
A humanidade sumiu
A porta se abriu

A luz ascendeu
O certo morreu
O espectro negro apareceu, olhei
Meu corpo subiu, chorei
Longe daqui estarei

II

Vivo segui meu caminho morto
Morto escutei a música alta
Alta era a montanha de rochas
Rochas que caiam e rolavam
Rolavam sobre mim e impediam
Impediam que chegasse ao topo
E revivesse

A rocha que caiu era pesada
Pesado era o coração do jovem
Jovem tarde de primavera, já
Já era hora de terminar a missão
Missão secreta entregue por Deus
Deus oculto e Deus presente
Presente seria a liberdade da alma
Alma que ficou presa para sempre
Sempre subindo a montanha

E as pedras caindo

Ah, se não fosse a maldita moeda!

20 novembro 2007

Deixa pra lá.

Deixa pra lá.